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Portugal tem um novo plano para ajudar os jovens a ter acesso à habitação — mas será que vai mesmo ajudar?

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Os baixos rendimentos e os altos preços das casas têm mantido os jovens fora do mercado imobiliário durante muito tempo, mas também existe o risco de uma nova medida para ajudar os compradores colocar mais pressão numa oferta já sufocada.

Os jovens em Portugal até aos 35 anos poderão em breve usar uma garantia estatal para obter uma hipoteca a 100% na compra da sua primeira casa.

A nova medida é um complemento a outras concebidas pelo governo, como a isenção de um imposto municipal sobre a transmissão de propriedade e imposto de selo, e destina-se a ajudar os jovens que têm dificuldades em entrar no mercado imobiliário.

A lei que estabelece as condições para a implementação desta medida foi publicada a 10 de julho, mas a sua aplicação prática ainda está dependente da sua regulamentação, o que deverá acontecer no prazo de 60 dias. Os jovens serão abrangidos se ganharem até 5.800 € brutos por mês e comprarem uma casa por um máximo de 450.000 €.

No entanto, o plano já enfrenta dois grandes obstáculos: os baixos rendimentos da maioria dos jovens e uma subida acentuada dos preços das casas.

“Esta garantia pode, de facto, ajudar a resolver alguns atritos para alguns jovens que estão a tentar aceder a casas até 450 mil euros, jovens até aos 35 anos, inclusive”, disse à Euronews João Pereira dos Santos, economista e professor assistente no Instituto Superior de Economia e Gestão.

“Mas não resolverá todos os problemas nem os maiores problemas que afetam a geração mais jovem quando tentam aceder à habitação.”

Oferta e procura
Dois em cada três jovens ganham menos de 1000 euros por mês, e poucos bancos estarão dispostos a correr o risco de lhes conceder um empréstimo.

Além disso, há uma escassez de casas acessíveis com rendimentos tão baixos.

“Desde o final de 2022, início de 2023, temos assistido a este aumento gradual da oferta, mas ainda está longe de atingir os níveis de oferta que tivemos em 2020 ou 2021”, disse João Braz, responsável pela empresa de análise imobiliária idealista/data Portugal, à Euronews.

“Portanto, esta oferta está a aumentar, mas ainda é insuficiente para satisfazer a procura que existe atualmente no mercado.”

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, alertou que é necessária cautela na implementação destas medidas para evitar pressão adicional no mercado até que a oferta seja ajustada.

Ainda assim, de acordo com dados recentes publicados pelo Instituto Nacional de Estatística, a oferta no mercado português aumentou em 27.248 casas em 2023, o que representa um aumento de 9,2% face ao ano anterior.

Pereira dos Santos defende que outras medidas do lado da oferta ainda podem ser consideradas.

“Gostaria de ver mais medidas que possam atuar no lado da oferta, nomeadamente medidas que possam facilitar ou entender o que podemos fazer para facilitar o licenciamento municipal”, disse.

“Sabemos muito pouco sobre o tempo de espera que cada pessoa que tenta obter uma licença do conselho leva para obter sua licença para prosseguir. Sabemos muito pouco sobre o porquê dessas listas de espera serem tão longas. Qualquer coisa que possa ser feita para facilitar o licenciamento, para facilitar a construção, pode ser muito importante.”

O economista também diz que seria importante procurar áreas que pudessem ser “reabilitadas e transformadas em moradia, por exemplo, para jovens universitários.”

Por enquanto, os detalhes das regulamentações que permitirão que a medida seja implementada são desconhecidos, mas devem ser tornados públicos até 11 de setembro.

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