O ICC Champions Trophy é há muito tempo um dos torneios de críquete internacional de maior prestígio. No entanto, a sua edição de 2025 está por um fio, com tensões crescentes entre o Conselho de Controlo do Críquete na Índia (BCCI) e o Conselho de Críquete do Paquistão (PCB) ameaçando a sua própria existência. A última reviravolta nesta saga vem do ex-capitão do Paquistão Rashid Latif, cuja declaração explosiva deixou o mundo do críquete alvoroçado.
Apelo à ação de Latif: “O Paquistão deveria boicotar primeiro”
Num movimento surpreendente, Rashid Latif instou o PCB a boicotar preventivamente o Troféu dos Campeões antes que o BCCI pudesse tomar qualquer medida própria. Falando num evento recente, Latif afirmou: “Sempre fomos transformados em bodes expiatórios, seja na guerra do Afeganistão ou no críquete. O PCB deveria boicotar o Troféu dos Campeões agora, antes que o BCCI dê esse passo.”
As observações de Latif reflectem uma frustração mais ampla dentro do PCB, que tem lutado para contrariar a influência do BCCI no críquete global. A sua declaração também sublinha uma dura realidade: se a Índia se retirar do Troféu dos Campeões, isso poderá custar ao TPI cerca de 5.720 milhões de rupias em direitos de transmissão – uns espantosos 90% do valor do torneio.
Enormes apostas financeiras para a ICC
As implicações financeiras do impasse em curso são imensas. A Star India, a emissora oficial, alertou a ICC que uma retirada indiana devastaria a comercialização do torneio. Dividindo os números:
- Valor total dos direitos de mídia: Rs 6.354 milhões
- Perda potencial se a Índia se retirar: Rs 5.720 milhões (90%)
- Perda potencial se o Paquistão se retirar: Rs 635 milhões (10%)
A grande disparidade realça a influência incomparável da Índia na economia global do críquete, deixando o TPI numa posição precária.
O impasse do modelo híbrido
A polêmica decorre do modelo híbrido proposto para o torneio. O Paquistão, o anfitrião designado, inicialmente resistiu a este acordo, mas acabou por concordar sob pressão. O modelo permitiu que a Índia jogasse suas partidas em local neutro devido a questões de segurança. No entanto, o PCB respondeu com uma condição: se a Índia evitar o Paquistão, o Paquistão retribuirá, não disputando futuros torneios sediados na Índia.
Esta posição de retaliação criou um impasse, com o BCCI a opor-se firmemente aos termos do Paquistão. Um funcionário do BCCI teria declarado: “Não há ameaça à segurança na Índia; portanto, não há dúvida de aceitar tal acordo.”
O dilema do Paquistão: perda financeira versus orgulho
A decisão do PCB de potencialmente boicotar o torneio está repleta de riscos. Tal como os anfitriões originais, a retirada poderia prejudicar a sua reputação e privá-los de oportunidades financeiras significativas. No entanto, para o Paquistão, a mudança tem menos a ver com dinheiro e mais com a afirmação da sua posição no mundo do críquete.
Latif resumiu o dilema de forma pungente, perguntando: “Se a Índia boicotar, onde estaremos?”
O que vem pela frente para o Troféu dos Campeões?
A tentativa do TPI de mediar a paz produziu poucos progressos até agora. Uma recente reunião virtual do conselho terminou em apenas 15 minutos, e nenhum dos lados estava disposto a ceder. Os riscos são elevados e o destino do Troféu dos Campeões depende de um delicado equilíbrio entre diplomacia e economia.
Resultados possíveis:
- Um local neutro para todas as partidas envolvendo Índia e Paquistão.
- ICC realocando direitos de hospedagem para outro país.
- Um compromisso entre o BCCI e o PCB, embora isto pareça improvável dadas as actuais hostilidades.