Ativistas alegam que algumas das maiores economias do mundo estão dando as costas à promessa feita no ano passado de abandonar os combustíveis fósseis.
Ministros da G20 grupo de países desenvolvidos e em desenvolvimento, incluindo EUA, Reino Unido, China e Índia, se reunirá no Rio de Janeiro na quarta-feira para discutir a abordagem global à crise climática.
As negociações serão presididas pelo Brasil, que detém a presidência rotativa do grupo. Mas os membros deixaram o compromisso explícito de fora do último rascunho de suas resoluções. A omissão pode resultar em um retrocesso sério, temem os ativistas, e eles pediram que o compromisso fosse restabelecido.
No primeiro rascunho do comunicado do G20 sobre o clima, que está em discussão, os membros reafirmaram explicitamente o compromisso de “transição dos combustíveis fósseis”. A frase foi a compromisso mais importante que emergiu da cúpula climática Cop28 da ONU em Dubai no ano passado.
Nunca antes todos os países abordaram diretamente a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis, com acordos anteriores focando nas emissões de gases de efeito estufa, no aumento da temperatura e na necessidade de impulsionar a energia renovável, em vez de nomear a causa raiz da crise climática.
A promessa de “transição”, que não tem um prazo, foi considerado fraco por alguns ativistas mas foi combatida por alguns países produtores de petróleo.
Desde a cimeira da COP, também houve sinais de que A Arábia Saudita, em particular, tentou reinterpretar a promessa como simplesmente uma opção entre muitas, e não um imperativo.
As reuniões do G20 deste ano no Brasil são considerados um passo importante para consolidar o progresso feito no ano passado e impulsionar o mundo a agir em relação à promessa.
Documentos vazados vistos pelo Guardian mostram que no último rascunho do parágrafo 5 do comunicado, onde o compromisso apareceu no primeiro rascunho, não há repetição da referência à “transição para longe”.
Em vez disso, há uma referência oblíqua à promessa, através de uma referência aos “objectivos estabelecidos” no Cop28 resultado, que inclui o compromisso de transição.
A versão mais recente do parágrafo crucial, em discussão pelo grupo TF-Clima, como é conhecida a força-tarefa ministerial do clima do G20, diz: “Acolhemos e subscrevemos totalmente o resultado ambicioso e equilibrado da conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Dubai (Cop28), particularmente o primeiro balanço global (GST-1) do acordo de Paris, que se baseia na intenção da declaração dos líderes do G20 em Nova Déli de buscar e encorajar esforços para triplicar a capacidade de energia renovável globalmente e outras tecnologias de emissão zero ou baixa, incluindo tecnologias de redução e remoção, e para dobrar a taxa de melhoria da eficiência energética até 2030.
“Estamos comprometidos em operacionalizar nossas medidas nesse sentido e contribuir para as metas estabelecidas no parágrafo 28 da decisão do GST-1, de acordo com nossas circunstâncias nacionais.”
Os ativistas alertaram que a retirada da promessa explícita do comunicado do G20 representaria um claro retrocesso.
Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima no Brasil, disse: “A resistência dos países em mencionar explicitamente os combustíveis fósseis e a necessidade de eliminá-los é evidente, mesmo após a decisão do GST-1.
“No entanto, não há hipótese de limitar o aquecimento global a esse nível sem atacar a causa raiz do problema [fossil fuels] de frente. Os países precisam operacionalizar isso agora, e o G20 deve liderar essa discussão, não fugir dela.”
Shreeshan Venkatesh, um líder de política global na Climate Action Network, disse: “Os impactos climáticos estão aumentando, portanto os custos da nossa inação coletiva também estão aumentando. No entanto, o financiamento continua fluindo na direção errada, adicionando combustível à crise climática que se intensifica rapidamente.
“Nesse contexto, é muito preocupante que os países do G20 não estejam dispostos a cumprir com suas responsabilidades de desinvestir rapidamente em combustíveis fósseis nocivos e liderar esforços para alterar nosso sistema econômico atual de uma maneira que desbloqueie investimentos verdes que salvam vidas no sul global e promova uma transição justa e equitativa.”
Os líderes dos países do G20 se reunirão nos dias 18 e 19 de novembro, onde a geopolítica, incluindo os conflitos na Ucrânia e na Rússia, bem como em Israel e Gaza, provavelmente dominarão.
A conferência terá lugar ao mesmo tempo que os países se reúnem na capital do Azerbaijão, Baku, para a Cúpula do clima Cop29 de 11 a 22 de novembro.
A Climate Cop do ano que vem – sigla para conferência das partes, sob a convenção-quadro da ONU sobre mudanças climáticas de 1992, o tratado original do acordo de Paris de 2015 – será realizada em Belém, na Amazônia brasileira.
O presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu uma posição firme sobre justiça econômica como um tema significativo de sua presidência no G20.
Lula quer imposto global de 2% sobre riqueza de bilionárioso que arrecadaria US$ 250 bilhões (£ 191 bilhões), com parte do dinheiro destinada a ajudar países pobres a lidar com os impactos da crise climática.