O principal executivo da Cop29 foi filmado aparentemente concordando em facilitar acordos de combustíveis fósseis na cúpula do clima.
A gravação ampliou os apelos dos ativistas que querem que a indústria dos combustíveis fósseis e os seus lobistas sejam banidos de futuras conversações policiais.
O grupo de campanha Global Witness se apresentou disfarçado como um falso grupo de petróleo e gás, pedindo que negócios fossem facilitados em troca do patrocínio do evento.
Nas teleconferências, Elnur Soltanov, vice-ministro da Energia do Azerbaijão e chefe executivo das negociações da Cop29, concordou com isso e falou de um futuro que inclui combustíveis fósseis “talvez para sempre”. Os responsáveis policiais também apresentaram o falso investidor a um executivo sénior da empresa nacional de petróleo e gás Socar para discutir oportunidades de investimento.
Soltanov disse ao grupo de investimentos falsos: “Ficaria feliz em criar um contato entre sua equipe e a equipe deles [Socar] para que eles possam iniciar discussões.” Pouco depois receberam um e-mail da Socar.
A UNFCCC, o órgão da ONU que supervisiona a Cop, afirma que os funcionários não devem usar as suas funções “para obter ganhos privados” e espera que ajam “sem interesse próprio”.
Na gravação, Soltanov diz ao falso grupo de petróleo e gás: “Há muitas joint ventures que poderiam ser estabelecidas. A Socar comercializa petróleo e gás em todo o mundo, inclusive na Ásia.”
Descreveu então o gás natural como um “combustível de transição”, acrescentando: “Teremos uma certa quantidade de petróleo e gás natural a ser produzida, talvez para sempre”. Na Cop28 do ano passado, os países envolvidos concordaram em abandonar os combustíveis fósseis, e o órgão das Nações Unidas para as alterações climáticas, o IPCC, deixou claro que o desenvolvimento de novos campos de petróleo e gás é incompatível com os objectivos climáticos assinados no Acordo de Paris.
A equipe da Cop29 também parecia disposta a abrir mão dos requisitos climáticos para a empresa caso ela patrocinasse o evento. Os patrocinadores dos eventos Cop devem comprometer-se a reduzir as suas emissões e assinar um “compromisso nacional”, prometendo apresentar um “plano credível de transição líquida zero” em algum momento durante os próximos dois anos.
No entanto, durante as negociações, estes requisitos foram dispensados e foi acrescentada uma nova cláusula para dar ao grupo de investimento falso “oportunidades de encontro com as principais partes interessadas locais do setor energético na Cop29”.
Houve um escândalo semelhante nas negociações da Cop28 ano passado nos Emirados Árabes Unidos quando documentos vazados revelaram que o anfitrião planejava usar reuniões sobre o clima com outros países para promover acordos para suas empresas nacionais de petróleo e gás. As conversações foram presididas pelo Sultão Al Jaber, presidente-executivo da empresa petrolífera nacional Adnoc e enviado climático dos Emirados Árabes Unidos.
Um porta-voz da Global Witness disse: “A UNFCCC precisa urgentemente de agir para limpar as negociações climáticas da Cop, começando por proibir a indústria dos combustíveis fósseis de patrociná-las e expulsando os seus lobistas para sempre.
“Tivemos 29 conversações com uma multidão cada vez maior de poluidores e vendedores de óleo de cobra presentes. Vamos tentar o próximo sem.”
A UNFCCC disse à BBC, que primeiro relatou a história, que “o [UNFCCC] O secretariado segue todos os anos os mesmos padrões rigorosos, reflectindo a importância da imparcialidade por parte de todos os presidentes. Tendo em conta os crescentes custos humanos e económicos da crise climática global em todos os países, estamos muito concentrados na produção da Cop29 de resultados ambiciosos e concretos.”
O Guardian contactou a UNFCCC, a Socar e a equipa Cop29 no Azerbaijão para mais comentários.
Os choques físicos causados pelo colapso climático afectarão o crescimento económico global em um terço, de acordo com uma avaliação de risco realizada por uma rede de bancos centrais.
O aumento do impacto estimado nas economias mundiais como resultado dos choques causados pelas inundações, secas, aumentos de temperatura e mitigação e adaptação a condições climáticas extremas foi o resultado de nova modelagem climática publicado este ano.
A Rede para Tornar o Sistema Financeiro mais Ecológico, um órgão membro de bancos e organizações financeiras globais, disse em um relatório esta semana que o enorme aumento do risco de choques físicos para a economia marcou uma mudança considerável na gravidade global dos danos causados.
O relatório foi publicado como sendo apenas as perdas comerciais causadas pelas inundações devastadoras em Valência, que mataram mais de 200 pessoas, foram calculados em bem mais de 10 mil milhões de euros (£ 8,3 bilhões).
“Este novo estudo baseia-se nos conjuntos de dados climáticos e económicos mais recentes”, afirma o relatório. “Eles oferecem dados altamente granulares e robustos com excelente cobertura geográfica e temporal. Com as consequências das alterações climáticas a tornarem-se gradualmente mais aparentes, adicionar os dados mais recentes torna as nossas estimativas muito mais robustas.”
Apesar do aumento do risco para as economias globais, alguns especialistas dizem que a análise é um enorme eufemismo do impacto que o colapso climático terá no crescimento económico.
Sandy Trust, um atuário que trabalha com sustentabilidade e crise climática, disse que as letras pequenas do relatório da rede de bancos centrais revelaram que eles não levaram em conta o impacto dos pontos de inflexão climáticos, do aumento da temperatura do mar, da migração e dos conflitos. como resultado do aquecimento global, dos impactos na saúde humana ou da perda de biodiversidade. Os pontos de viragem climáticos, por exemplo o derretimento da camada de gelo da Gronelândia e a desflorestação da Amazónia, são limiares críticos que, se ultrapassados, conduzirão a mudanças enormes, aceleradas e por vezes irreversíveis no sistema climático.
Os pontos de viragem climáticos, por exemplo o derretimento da camada de gelo da Gronelândia, são limiares críticos que, se ultrapassados, conduzirão a enormes mudanças no sistema climático. Fotografia: Luis Leamus/Alamy
Trust disse: “Este é um enorme impacto de um terço dos danos físicos no PIB. Aumentou mais de cinco vezes, de cerca de 6% para 33%.
“Mas embora este seja um risco de danos muito mais grave, não é de forma alguma abrangente. A analogia que eu usaria é um modelo do Titanic onde você pode ver o iceberg, mas a modelagem não reconhece que não há botes salva-vidas suficientes a bordo ou que a água fria é uma ameaça à vida humana. Portanto, este relatório ainda subestima sistematicamente o risco.”
O NGFS é um grupo de bancos globais que fornece modelização de riscos ambientais e climáticos no setor financeiro. A sua atualização sobre os riscos climáticos utilizando a nova metodologia prevê mais de 30% de perdas devido à crise climática até 2100, devido a um aumento de 3°C nas temperaturas médias globais da superfície. O relatório afirma: “A nova função de danos faz um trabalho muito melhor do que a sua antecessora na representação dos riscos físicos colocados pelas alterações climáticas”.
Esta é uma grande diferença em comparação com as previsões económicas anteriormente utilizadas de que os danos causados pelo aquecimento global seriam tão baixos quanto 2% da produção económica global para um aumento de 3°C na temperatura média global da superfície.
No entanto, o grupo alertou que as perspectivas económicas futuras podem ser significativamente piores. “Não se pode excluir que os efeitos económicos das alterações climáticas possam revelar-se ainda mais graves do que o visualizado nos cenários NGFS, por exemplo, se determinados pontos de viragem forem alcançados”, afirma o relatório.
“Assim, os utilizadores também devem ter em conta os riscos finais das alterações climáticas, juntamente com outros riscos, como os relacionados com a natureza, que não são necessariamente capturados por estes cenários.”
A Trust escreveu um relatório no ano passado com a Universidade de Exeter, que dizia que cenários de crise climática amplamente disponíveis subestimou sistematicamente os riscose disse que subestimar o impacto do aquecimento global era “extremamente perigoso”.
Por que vou adorar? A fascinante planta da ressurreição (Selaginella lepidophylla) é uma maravilha da natureza que pode sobreviver à desidratação extrema durante anos, enrolando-se numa bola castanha e seca aparentemente sem vida, apenas para “ressuscitar” e ficar verde novamente quando exposta à água.
Luz ou sombra? Ele prospera sob luz brilhante e indireta.
Onde devo colocá-lo? Coloque esta planta sobre uma mesa ou parapeito de janela onde você não perderá sua transformação.
Como faço para mantê-lo vivo? Esta planta não requer solo. Para acordá-la, coloque a planta seca em um prato raso ou tigela com pedrinhas e água – ela começará a se desenrolar em poucas horas. É sensível ao cloro, por isso certifique-se de usar água da chuva ou água destilada. Deixe secar completamente a cada poucos dias para evitar o apodrecimento das raízes. Durante sua fase ativa, borrife ocasionalmente para manter as folhas hidratadas. Prefere um ambiente quente de 18C-29C.
Você sabia? Esta planta é nativa do deserto de Chihuahuan, do norte do México e sudoeste dos EUA, e de outros desertos da América Central. Os astecas usavam-no em rituais para simbolizar renovação e proteção, celebrando a sua capacidade aparentemente mágica de regressar à vida. A planta pode permanecer inativa por meses ou até anos, tornando-se um símbolo vivo de resistência e adaptabilidade.
Em toda a Europa pesquisar demonstrou que os britânicos estão mais dispostos do que a maioria dos europeus a reduzir a utilização de automóveis e aviões – um requisito essencial para que as metas de redução do dióxido de carbono sejam cumpridas.
Durante a pandemia de Covid, o consumo de gasolina, gasóleo e parafina despencou à medida que as restrições governamentais obrigaram as pessoas a ficar em casa – o Reino Unido teve a terceira maior redução, depois da Áustria e da Suécia.
Quando a pandemia regrediu, a utilização destes combustíveis recuperou, mas não de forma uniforme em todos os países. Europa. O Reino Unido foi um dos países onde o uso do automóvel foi retomado mais lentamente e a aviação ainda mais.
Dado que as viagens contribuem com 37% para as emissões de carbono, o que está a causar a deterioração dos nossos padrões climáticos, são necessárias medidas urgentes para mudar o comportamento humano em matéria de viagens.
Em alguns países, como a Suécia, é menos aceitável socialmente voar, e vergonha de voo (vergonha de voar) reduziu a procura por viagens aéreas – embora o governo tenha sido recentemente criticado por baixando o imposto isso deveria desencorajar o voo.
Na maioria dos países, contudo, é a política governamental que faz a diferença. A Dinamarca, que já tinha uma elevada utilização de bicicletas, aumentou o investimento e incentivou a utilização de bicicletas eléctricas nas estradas principais e nas cidades.
A República Checa conseguiu uma redução na utilização do automóvel ao tornar os transportes públicos mais baratos.
Os investigadores dizem que os britânicos estão a ser impedidos de reduzir o uso do carro devido à falta de outras opções.
Assista: Imagens secretas mostram o chefe da COP29, Elnur Soltanov, discutindo acordos de gás e petróleo
Um alto funcionário da conferência COP29 sobre alterações climáticas no Azerbaijão parece ter usado o seu papel para organizar uma reunião para discutir potenciais acordos de combustíveis fósseis, pode relatar a BBC.
Uma gravação secreta mostra o chefe executivo da equipa COP29 do Azerbaijão, Elnur Soltanov, a discutir “oportunidades de investimento” na empresa estatal de petróleo e gás com um homem que se faz passar por potencial investidor.
“Temos muitos campos de gás que serão desenvolvidos”, diz ele.
Um ex-chefe do órgão da ONU responsável pelas negociações climáticas disse à BBC que as ações de Soltanov eram “completamente inaceitáveis” e uma “traição” ao processo da COP.
Reuters
Baku sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática COP29 deste ano
Além de ser o executivo-chefe da COP29, Soltanov também é vice-ministro da Energia do Azerbaijão e faz parte do conselho da Socar.
A equipe da COP29 do Azerbaijão não respondeu a um pedido de comentário.
O petróleo e o gás representam cerca de metade da economia total do Azerbaijão e mais de 90% das suas exportações, segundo dados dos EUA.
A COP29 será inaugurada em Baku na segunda-feira e é a 29ª cimeira anual da ONU sobre o clima, onde os governos discutem como limitar e preparar-se para as alterações climáticas e aumentar a ambição global para enfrentar a questão.
Foram mostrados à BBC documentos e gravações de vídeo secretas feitas pela organização de direitos humanos Global Witness.
Entende-se que um dos seus representantes abordou a equipa da COP29 fazendo-se passar por chefe de uma empresa de investimento fictícia de Hong Kong especializada em energia.
Ele disse que esta empresa estava interessada em patrocinar a cimeira COP29, mas queria discutir oportunidades de investimento na empresa estatal de energia do Azerbaijão, Socar, em troca. Foi marcada uma reunião online com Soltanov.
Imagens Getty
O Azerbaijão possui ricos depósitos de petróleo e gás natural
Durante a reunião, Soltanov disse ao potencial patrocinador que o objectivo da conferência era “resolver a crise climática” e “fazer a transição para longe dos hidrocarbonetos de uma forma justa, ordenada e equitativa”.
Qualquer um, disse ele, incluindo empresas de petróleo e gás, “poderia apresentar soluções” porque as “portas estão abertas” para o Azerbaijão.
No entanto, ele disse que também estava aberto a discussões sobre acordos – inclusive sobre petróleo e gás.
Inicialmente, Soltanov sugeriu que o potencial patrocinador poderia estar interessado em investir em alguns dos “projectos de transição verde” em que Socar estava envolvido – mas depois falou de oportunidades relacionadas com os planos do Azerbaijão para aumentar a produção de gás, incluindo novas infra-estruturas de gasodutos.
“Há muitas joint ventures que poderiam ser estabelecidas”, diz Soltanov na gravação. “A Socar comercializa petróleo e gás em todo o mundo, inclusive na Ásia.”
Soltanov descreveu então o gás natural como um “combustível de transição”, acrescentando: “Teremos uma certa quantidade de petróleo e gás natural sendo produzida, talvez para sempre”.
O órgão de ciência climática da ONU, o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, reconhece que haverá um papel para algum petróleo e gás até 2050 e mais além. No entanto, tem sido muito claro que “desenvolver… novos campos de petróleo e gás é incompatível com a limitação do aquecimento a 1,5ºC”.
Também vai contra o acordo que o mundo fez na última cimeira global sobre o clima para a transição dos combustíveis fósseis.
Soltanov parecia ansioso para ajudar a iniciar as discussões, dizendo ao potencial patrocinador: “Eu ficaria feliz em criar um contato entre sua equipe e a equipe deles. [Socar] para que eles possam iniciar discussões.”
Algumas semanas depois, a falsa empresa de investimentos de Hong Kong recebeu um e-mail – Socar queria acompanhar a pista.
A tentativa de fazer negócios como parte do processo da COP parece ser uma violação grave dos padrões de conduta esperados de um funcionário da COP.
Estes eventos deveriam ter como objectivo reduzir a utilização mundial de combustíveis fósseis – o principal motor das alterações climáticas – e não vender mais.
As normas são estabelecidas pelo órgão da ONU responsável pelas negociações climáticas, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC).
A ONU disse que não poderia comentar diretamente sobre as nossas conclusões, mas observou que “os mesmos padrões rigorosos” são aplicados a quem quer que organize a conferência, e que esses padrões refletem “a importância da imparcialidade por parte de todos os presidentes”.
O seu código de conduta para os funcionários da COP afirma que “devem agir sem preconceitos, preconceitos, favoritismo, capricho, interesse próprio, preferência ou deferência, estritamente baseados num julgamento sólido, independente e justo”.
“Espera-se também que eles garantam que as opiniões e convicções pessoais não comprometam ou pareçam comprometer o seu papel e funções como oficial da UNFCCC”.
Imagens Getty
Christiana Figueres, que presidiu o histórico acordo de Paris, diz que fazer acordos sobre combustíveis fósseis é uma “traição” ao processo COP
Christiana Figueres, que supervisionou a assinatura do acordo de Paris de 2015 para limitar o aumento da temperatura global bem abaixo dos 2ºC, disse à BBC que estava chocada que alguém no processo da COP usasse a sua posição para fechar acordos de petróleo e gás.
Ela disse que tal comportamento era “contrário e flagrante” ao propósito da COP e “uma traição” ao processo.
A BBC também viu e-mails entre a equipe da COP29 e os falsos investidores.
Numa cadeia, a equipa discute um acordo de patrocínio de 600.000 dólares (462.000 libras) com uma empresa falsa em troca da introdução do Socar e do envolvimento num evento sobre “investimentos sustentáveis em petróleo e gás” durante a COP29.
As autoridades ofereceram cinco passes com acesso total à cimeira e redigiram um contrato que inicialmente exigia que a empresa assumisse alguns compromissos com a sustentabilidade. Em seguida, ele recuou, um requisito foi abandonado e “correções” foram consideradas para outro.
A BBC pediu comentários à equipe COP29 do Azerbaijão e à Socar. Nenhum dos dois respondeu aos pedidos.
As conclusões surgem um ano depois de a BBC ter obtido documentos vazados que revelavam planos dos Emirados Árabes Unidos de usar o seu papel como anfitrião da COP28 para fechar acordos de petróleo e gás.
A COP28 foi a primeira vez que se chegou a um acordo sobre a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis.
More than 100 heads of state and government are expected to land in Baku, the capital of Azerbaijan, over the next few days and the first thing they are likely to notice is the smell of oil. The odour hangs heavy in the air, evidence of the abundance of fossil fuels in this small country on the shores of the Caspian Sea.
Flaring from refineries lights up the night sky, and the city is dotted with diminutive “nodding donkey” oil wells raising and lowering their pistons as they draw from the earth. Even the national symbol is a gas flame, epitomised in the shape of three skyscrapers that tower over the city.
Azerbaijan has been built on oil since the mid-19th century, and fossil fuels now make up 90% of its exports. There could be no starker reminder of the core question that world leaders have come to Baku to decide: whether the planet will burn so that fossil fuel producers can continue to make money, or whether to take a different path.
That the world’s biggest economy, the US, is about to shift away from the focus on clean energy fostered by Joe Biden towards the “drill, baby, drill” policies of Donald Trump will be a main topic of conversation for the tens of thousands of delegates at the Cop29 UN climate summit. However, many will point out that no country has ever produced as much oil and gas as the US does now, with 20% more oil and gas licences issued during the Biden administration than during Trump’s first term.
Climate leaders reacted with defiance to the US election outcome. “The result from this election will be seen as a major blow to global climate action but it cannot and will not halt the changes under way to decarbonise the economy and meet the goals of the Paris agreement,” declared Christiana Figueres, the former UN climate chief who is a co-founder of the Global Optimism thinktank.
Trump will not be at Cop29, a fortnight-long meeting that is the latest in a near annual series stretching back to 1992 when the UN framework convention on climate change – the parent treaty to the 2015 Paris climate agreement – was signed.
People wade through flood water in Batabanó, Cuba, after Hurricane Helene in September. Photograph: Ramón Espinosa/AP
Just 15 years ago, however, matters looked much worse. Renewable energy was then expensive and scarcely used, and the world was headed for 6C of global heating above preindustrial temperatures, a level that would barely support human life. Today, after years of talks – during which fossil fuel interests have repeatedly spread disinformation, blocked agreement, captured politicians and choked investment in renewables – we are heading for “only” 3C.
Global heating on that scale would still be devastating, scientists have made clear. So countries meeting at Cop29 from Monday will reaffirm their commitments to limiting temperature rises to 1.5C, which will require reaching net zero emissions in the next two decades. Scientists say there is still a chance of avoiding the worst ravages of climate breakdown if the world acts now.
“The reality remains that unless the world collectively steps up its efforts, the impacts of climate change will become increasingly severe and frequent and will be felt by an increasing number of people in all countries, including in the US,” said Kaveh Guilanpour, a vice-president for international strategies at the Center for Climate and Energy Solutions, a US thinktank. “The reality is that there is no prosperous or safe high-carbon future for anyone.”
The prospects of a strong outcome from the Baku summit may appear dim, with the far right and anti-net zero voices on the rise in the US, Europe and elsewhere. But there is hope that Cop29 will address at least one of the major issues preventing action: money. Shifting to clean energy makes economic as well as scientific sense, but the incumbency of fossil fuels is so strong that massive investment will be needed to shift the world on to that lower-carbon, lower-waste, more productive and healthier path.
How much? About $3.5tn a year between now and 2050 to transform energy systems, according to the Energy Transitions Commission thinktank. The UN, through its climate champions network, estimates $125tn in total by 2050, or about $5tn a year, for the whole global economy. A McKinsey report two years ago put the total at $9tn a year, but that analysis has been debunked for using too-high cost estimates and ignoring existing investments.
Where to get that money from? Most of it is already there. Trillions of dollars sounds like a lot but the world already spends $3tn a year on energy, according to the International Energy Agency, and more than that on other industries in the fossil fuel-based economy. If investment was geared away from high-carbon infrastructure and towards cleaner alternatives, the sums could easily be met.
For developed countries, all that is needed to achieve the switch is strong governance that directs investment away from dirty infrastructure and into low-carbon technologies. That is tricky enough – witness the election of Trump on a clear anti-net zero ticket. But for the developing world the problem looks much harder. Poor countries already face high barriers to gaining the investment they need to lift people out of poverty, develop industries and fund basic services.
A solar power plant in the Gabu region of Guinea-Bissau in 2017. Photograph: Le Pictorium/Alamy
For instance, Africa has the most abundant resources of solar power and wind energy. But data from the International Energy Agency last year showed there were more solar panels in Belgium than in the whole of the African continent. Setting up solar and wind farms in Africa is far more costly than in rich countries, despite the lower physical and labour costs, because investors charge far more to lend capital and demand higher repayments.
At the same time, the impacts of climate breakdown are wreaking havoc on poor economies, frequently wiping out any development gains. Tinaye Mabara, a Botswana-based activist from Zimbabwe, said people were suffering the consequences. “Southern Africa, where I’m from, is in the bottom tier of African regions that receive climate finance, so I want to see drastic climate finance reforms taken at this Cop to ensure that local adaptation efforts actually receive the necessary funding, because they are the ones on the ground doing the work.”
Daniel Lund, a senior adviser to the Fijian government, said developing countries urgently needed help, with a greater quantity of climate finance and also through better systems to make it easier to access. “Addressing the complex impacts of climate change through existing fragmented and volatile climate financing arrangements can feel like fighting a raging fire with dozens of tiny fire extinguishers,” he said. “None of the tools currently available are sufficient for the scale of the problem.”
That is why money will be the core focus of Cop29. Under the Paris agreement, countries must agree a “new collective quantified goal” (NCQG) for climate finance, to flow from the rich to the poor, to help developing countries cut their greenhouse gas emissions and adapt to the impacts of the climate crisis.
This is something that has never been tried before in three decades of talks. Until now, the only climate finance target has been a promise made in 2009, at Cop15 in Copenhagen, for $100bn a year to flow to the developing world by 2020. That target was only achieved two years late – a delay that damaged the faith of developing countries, according to Alok Sharma, the president of Cop26 in Glasgow and now a member of the UK’s House of Lords. “Not reaching the previous $100bn goal on time sapped the confidence and trust of developing nations, and that’s why any future finance goal has to meet the deliverability test,” he said.
No Cop has ever discussed a finance goal before, let alone any tested of its rationale. The $100bn figure was “plucked out of the air”, said Rachel Kyte, the UK’s new climate envoy, speaking before her appointment to the role. The offer was made – largely at the instigation of the then US secretary of state, Hillary Clinton – based on political calculations of what developed country governments thought their electorates would stand for.
Vehicles drive past Cop29 posters in Baku. Photograph: Aziz Karimov/Getty Images
At Cop29, more rigorous systems are in place. Two years ago the economists Nicholas Stern and Vera Songwe led an in-depth analysis of climate finance needs. They came up with a number: $2.4tn a year was needed for developing countries, excluding China, to cut their greenhouse gas emissions and protect themselves against climate breakdown.
Of that sum, about half could come from countries’ existing budgets and domestic private investment sources, the economists estimated. That would leave roughly $1tn to come from the developed world, a large chunk of which Lord Stern believes could come from reforming the World Bank and its fellow institutions, to enable them to lend more, and on easier terms, to climate-related efforts.
Most analysts and developed country governments agree on these estimates. Most developing countries broadly accept them, a stance reflected in the proposals for the NCQG that they have submitted to the UN this year. For example, India submitted a demand for $1tn a year, and the Alliance of Small Island States is targeting a similar number, while the Africa group wants $1.3tn.
But these figures are a statement of need. Few believe all of this money could come from the exchequers of developed countries without risking a backlash. Joe Thwaites, of the NRDC thinktank in the US, said: “There is a keen awareness of the fragility of the political consensus on this.”
For the Azerbaijan presidency, it was clear from early in the talks that reconciling these two approaches – one based on need, the other on what developed countries are prepared to stump up – means including at least two key numbers in the NCQG. What has emerged from pre-Cop talks in recent months is a “layered approach”. These layers have led some participants to call it an onion, others a camembert (because the sources of cash will be divided up into wedges), while a few prefer comparisons to a pie or a sandwich.
Culinary metaphors aside, the core concept is fairly simple: the NCQG will include the needs expressed by developing countries; an agreed goal for finance coming from existing developed countries plus an expanded contributor base; and ideas for how to fill the gap between the two.
No developed countries are yet prepared to be specific about how much the “quantum” of contributions should be, and the goal will be a collective one, so individual countries will not need to submit their own targets. The Guardian understands that overall sums in the region of $400bn to $600bn by 2035 are being discussed. Much if not most of that funding is likely to come not directly from developed world taxpayers but through multilateral development banks such as the World Bank and the International Monetary Fund, which will require sweeping reform before they are capable of meeting the challenge.
In order to agree to such sums, rich countries are also demanding a redrawing of donor terms to expand the list of contributors. The global economy has changed drastically since 1992 when the UNFCCC was signed, which divided the world starkly into developed countries with obligations to cut emissions and provide finance, and developing countries that carried no such obligations. China is now the biggest economy and biggest emitter but has no obligation to offer climate finance, and other middle-income countries such as South Korea and Singapore are also booming. Petrostates such as Saudi Arabia, Qatar and the United Arab Emirates are classed as developing, despite their vast oil wealth.
A coal-fired power plant looms over Dingzhou, northern China. Photograph: Ng Han Guan/AP
China will not agree to have its developing country status changed and insists that it already provides de facto climate finance in the form of loans to poorer countries. There may be a compromise available in counting some of these forms of finance, on a voluntary basis, towards an expanded donor base. The UAE and Azerbaijan have also made gestures, pledging relatively small quantities. Saudi Arabia, however, is firmly set against being tapped as a donor.
To bridge the gap of hundreds of billions of dollars a year, countries are pinning their hopes on what are being termed “innovative sources of finance”. These include potential taxes on high-carbon activities, such as oil and gas extraction; wealth taxes, such as the billionaire tax proposed by Brazil; levies on frequent flyers and on global shipping; proceeds from the sales of carbon credits; and redirecting harmful subsidies to fossil fuels and agriculture towards more sustainable options.
The US under Biden was lukewarm on some of these ideas – the Treasury secretary, Janet Yellen, said a firm no to any wealth tax, for instance – but was at least a participant. Under Trump, the US may try to stymie any prospect of global levies.
Yet the impact of a Trump government on the NCQG is likely to be smaller than feared. The US provided just $1.5bn in climate finance in 2021, $5.8bn in 2022 and $9.5bn in 2023. These sums are paltry compared with the US’s historical responsibilities as a carbon emitter, according to activists. The EU is a bigger provider of climate finance than the US.
Alden Meyer, of the climate change thinktank E3G, said: “The US contribution has not been what it should have been, under any government. There will be some impact but not that much.”
Answering the money question would be a huge boost to climate action, and to climate justice for the world’s poorest and most vulnerable people. But it will not be enough to make Cop29 a success. Current plans from national governments to cut greenhouse gas emissions – called nationally determined contributions (NDCs) – are inadequate and urgently need to be strengthened.
Under the Paris agreement, the next round of NDCs are due in February, before the Cop30 conference to be held in Brazil next November. Some countries will file theirs early – the UK has promised to announce its plans at Cop29 – and Brazil wants to use the summit in Baku to ensure countries come up with NDCs that are strong, detailed and contain targets commensurate to the task of reaching net zero by mid-century.
Harjeet Singh, the global engagement director for the Fossil Fuel Non-Proliferation Treaty Initiative, said: “For communities facing the harshest impacts of climate change, the stakes have never been higher. Developing countries should amplify diplomatic and economic pressure, underscoring global interdependence and holding wealthier nations accountable for their historical emissions and responsibilities.”
Donald Trump on a visit to the Double Eagle Energy oil rig in Midland, Texas, in July. Photograph: Evan Vucci/AP
Owing to Trump’s victory, these efforts may seem futile. Simon Lewis, a professor of global change science at University College London, spoke for many scientists in saying: “We can say goodbye to the Paris agreement goal of limiting warming to 1.5C above preindustrial levels. Increasingly deadly climate impacts will escalate. It’s as simple as that.”
Activists and governments are not ready to give up yet. Abandoning the 1.5C target would give too much ground to those – including Saudi Arabia and its allies – who already argue for a retreat to the much easier 2C limit that was also set down in the 2015 Paris agreement. Yet scientists have warned that a rise of 2C would be disastrous, for small islands in particular, bringing more droughts and more floods, and would risk triggering calamitous tipping points – such as the collapse of the Atlantic meridional overturning circulation that brings warm weather to northern Europe.
Rather than do that, Brazil – backed by developed countries including the UK, the EU, and developing countries including members of the Alliance of Small Island States – will keep the focus on 1.5C and push all countries – even the US – to come up with NDCs that could achieve it.
Oscar Soria, the director of the Common Initiative thinktank, said: “The difference between 1.5C and 2C could mean the difference between manageable and unmanageable conditions for many vulnerable populations. While the challenge is daunting, abandoning the 1.5C target would be a collective suicide. We cannot and should not do that.”
One final fight at Baku will be over the future of the world’s energy systems. At the previous climate summit, Cop28 in Dubai last year, countries made a historic commitment to “transition away” from fossil fuels – incredibly, thanks to the strength of the fossil fuel lobby, the first time in 30 years of talks this resolution has been made. According to high-level participants in the talks, already in pre-Cop meetings some oil-producing countries, including Saudi Arabia, have tried to unpick it. They will try harder now, emboldened by the prospect of at least four years of US climate backsliding.
Simon Stiell, the UN climate chief, who this summer spoke movingly of the impacts of climate breakdown from the ruins of his grandmother’s house in Carriacou, destroyed by Hurricane Beryl, promised to protect the progress that had been made. “Ambitious outcomes in Baku remain vital, because unless all countries can cut emissions and build more resilience into global supply chains, no economy – including the G20 – will survive unchecked global heating, and no household will be spared its severe inflationary impacts.”
O mundo ainda está subestimando o risco de um colapso climático catastrófico e do colapso dos ecossistemas, alertou o secretário-geral da ONU no período que antecedeu a crise. Cop29reconhecendo que o aumento do aquecimento global está em vias de ultrapassar os 1,5ºC (2,7ºF) em relação aos níveis pré-industriais nos próximos anos.
A humanidade está se aproximando de pontos de inflexão potencialmente irreversíveis, como o colapso do Floresta amazônica e a camada de gelo da Gronelândia à medida que as temperaturas globais aumentam, disse António Guterres, alertando que os governos não estão a fazer os cortes profundos nas emissões de gases com efeito de estufa necessários para limitar o aquecimento a níveis seguros.
Em declarações ao Guardian, o secretário-geral da ONU disse que uma segunda saída dos EUA do Acordo climático de Paris sob uma nova presidência de Donald Trump correria o risco de paralisar o processo, mas disse que o acordo sobreviveria.
Com incêndios florestais, secas e condições climáticas extremas já devastando partes do planeta, novos pesquisa levanta preocupações sobre a estabilidade dos sumidouros naturais de carbono que sustentam os esforços de descarbonização. As florestas, as plantas e o solo – como categoria líquida – quase não absorveram carbono em 2023, durante o ano mais quente de que há registo. Embora o colapso dos sumidouros de carbono terrestres possa ser temporário, os cientistas avisaram que rachaduras na resiliência dos sistemas da Terra estão começando a aparecer.
Guterres apelou a uma maior coordenação nas crises ambientais interligadas do século XXI, alertando que era impossível tomar medidas sobre o aquecimento global sem agir sobre a perda de biodiversidade para proteger as florestas e outras reservas e sumidouros naturais de carbono.
“O risco destes pontos de inflexão acelerarem as alterações climáticas é algo que deve ser levado muito a sério. Só para dar dois exemplos, há quem diga que poderemos chegar a uma situação em que a floresta Amazónica se transforme irreversivelmente numa savana, ou que a Gronelândia [ice sheet] e a Antártida Ocidental derreterá.
‘Devíamos reduzir em 9% todos os anos. Infelizmente, no ano passado, ainda houve um crescimento de 1,3%’, disse António Guterres, secretário-geral da ONU, na Cop16. Fotografia: J Sarmiento/AFP
“Mesmo que isso aconteça durante um longo período, irá derreter irreversivelmente. Portanto, estamos a aproximar-nos de mudanças dramáticas no jogo em relação aos impactos das alterações climáticas na vida do planeta”, disse Guterres numa entrevista à margem do programa de biodiversidade. Cop16 em Cali, Colômbia, que terminou em 1º de novembro.
“O mundo ainda está subestimando os riscos climáticos. Não tenho dúvidas de que estamos arriscando alcançar[ing] uma série de pontos de inflexão que acelerarão dramaticamente os impactos das alterações climáticas. É absolutamente essencial agir agora. É absolutamente essencial reduzir drasticamente as emissões agora”, disse ele.
Durante as próximas duas semanas, os governos reunir-se-ão junto ao Mar Cáspio, em Baku, no Azerbaijão, para discutir como aumentar o financiamento para a adaptação e mitigação climática. Esperam-se negociações tensas sobre uma nova meta financeira para substituir o compromisso de 100 mil milhões de dólares (77,5 mil milhões de libras) que expira no próximo ano.
Os negociadores debaterão quais países ajudarão a fornecer os trilhões de dólares necessários para descarbonizar a economia mundial, com pressão para contribuir sobre petroestados como os Emirados Árabes Unidos (EAU) e Arábia Saudita. Muitos estados do norte global acreditam que a China não deve continuar a ser classificada como um país em desenvolvimento no processo climático da ONU devido ao seu poder económico e também deve contribuir para o financiamento.
Guterres não quis comentar sobre a forma como pensa que a base de doadores para o processo climático deveria mudar, instando, em vez disso, os governos a tomarem medidas decisivas para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis.
“Até 2030, deveríamos reduzir 9% todos os anos. Infelizmente, no ano passado, ainda houve um crescimento de 1,3%, o que significa que ou assumimos plenamente o sentido de urgência a nível dos governos, das empresas e dos outros principais geradores das alterações climáticas, ou corremos o risco não só de ultrapassar os 1,5 graus, mas eventualmente ultrapassará os dois graus. Não vamos esquecer que estamos a caminho de 3,1ºC neste momento”, disse ele.
Guterres disse que achava que limitar o aquecimento global a 1,5ºC ainda era possível, mas reconheceu que o mundo iria ultrapassar os limites nos próximos anos.
“Eu acredito [1.5C] ainda é possível. Acredito que haverá excessos, mas espero que haja consciência para agir rapidamente, a fim de que esses excessos sejam de curta duração. A evolução tecnológica, o que acontece com as energias renováveis… e outras inovações demonstram que se houver vontade política, os 1,5 graus são alcançáveis.
Incêndios florestais na floresta amazônica ao sul de Novo Progresso, no estado do Pará. Há temores de que áreas de floresta se transformem em savanas. Fotografia: Carl de Souza/AFP/Getty
“Portanto, a questão não é se os 1,5 graus são possíveis ou não. A questão é se haverá – ou não – vontade política para isso. Sejamos honestos, até agora, não houve vontade política. Portanto, ou surge a vontade política para tornar isso possível, ou será perdido”, afirmou.
Quando questionado se a saída dos EUA do Acordo de Paris pela segunda vez seria fatal, Guterres disse que sobreviveria mas alertou que poderia deixar o processo “paralisado”.
“O Acordo de Paris pode sobreviver, mas às vezes as pessoas podem perder órgãos importantes ou perder as pernas e sobreviver. Mas não queremos um acordo de Paris paralisado – queremos um verdadeiro acordo de Paris”, afirmou o secretário-geral da ONU. “É muito importante que os Estados Unidos permaneçam no acordo de Paris.”
Guterres disse em junho que empresas de combustíveis fósseis deveriam ser banidos da publicidade, chamando-os de “padrinhos do caos climático”. Quando questionado se achava que deveriam ser excluídos das cimeiras da Cop sobre o clima, disse que deveria haver maior foco nos governos que não resistiram à pressão da indústria.
“O que me preocupa não é que existam pessoas a fazer lobby a favor dos combustíveis fósseis; o que me preocupa é que os governos possam não resistir a esse lobby. Deixe-me ser muito claro: não há forma de preservar 1,5 graus ou evitar um desenvolvimento catastrófico em relação às alterações climáticas se não aceitarmos o princípio de que deve haver uma eliminação progressiva dos combustíveis fósseis”, disse ele.
“Até agora, às vezes tem havido alguma ambiguidade nos textos e o problema da ambiguidade é que aqueles que se comportam mal terão uma justificação para o fazer.”
Questionado sobre se a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e China deveriam contribuir para o financiamento climático, Guterres disse que os países estavam em posições diferentes.
“Não se pode comparar a Arábia Saudita com a China. O PIB per capita na Arábia Saudita é muito mais elevado e a Arábia Saudita basicamente construiu a sua riqueza com base no petróleo e no gás”, disse ele.
“Não creio que seja necessário continuar com a exploração de novas fontes, porque estou totalmente convencido de que não conseguiremos utilizar a reserva que existe no mundo até ao fim da história”, afirmou.
PA decisão da apua Nova Guiné de se retirar da próxima cimeira climática global da ONU devido à frustração com “promessas vazias e inacção” suscitou preocupação por parte dos defensores do clima, que temem que a medida isole a nação do Pacífico e coloque em risco financiamento vital.
Primeiro-ministro James Marape anunciou em agosto que o país não participaria Cop29 em “protesto contra as grandes nações” pela falta de “apoio rápido às vítimas das alterações climáticas”. Então, na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Justin Tckatchenko, confirmou que a Papua Nova Guiné se retiraria das conversações de alto nível na cimeira, quecomeça em 11 de novembro em Baku, Azerbaijãodescrevendo-o como “uma total perda de tempo”.
O principal defensor do clima na Papua Nova Guiné, Duncan Gabi, disse que a medida corre o risco de isolar o país de discussões críticas e enfraquecerá a sua capacidade de procurar apoio financeiro e técnico para a adaptação e mitigação climática.
“Vivemos num mundo onde os impactos das alterações climáticas são cada vez mais devastadores, especialmente para nações vulneráveis como a nossa. É importante para nós sentarmos à mesa e termos nossa voz ouvida no Cop”, disse Gabi.
Cop, a cimeira anual da ONU sobre o clima que encerra o ano, tem enfrentado críticas persistentes de que os países com grandes emissões não fizeram o suficiente para tomar medidas climáticas significativas. A Papua Nova Guiné está entre as primeiras nações a declarar que não participará devido ao facto de os grandes países emissores não terem agido como prometeram.
O país tem uma população de cerca de 10 milhões e fica ao norte da Austrália. É o lar da terceira maior extensão de floresta tropical do mundo, de acordo com o World Wildlife Fund. Empobrecida, rodeada pelo oceano e propensa a catástrofes naturais, a Papua Nova Guiné é também considerada altamente vulnerável aos perigos das alterações climáticas.
Marape e Tckatchenko criticaram as reuniões da Cop por não conseguirem fornecer apoio suficiente às pequenas nações insulares. Tckatchenko disse que Papua Nova Guiné enviará uma pequena delegação de funcionários do governo, mas os ministros não comparecerão às discussões de alto nível.
“Não toleraremos mais promessas vazias e inação, enquanto o nosso povo sofre as consequências devastadoras das alterações climáticas”, disse Tckatchenko numa reunião de pequenos estados insulares em Samoa na semana passada. Ele acrescentou que “nada de concreto saiu dessas grandes reuniões multilaterais”.
“As últimas três reuniões da Cop andaram em círculos, não produzindo resultados tangíveis para os pequenos estados insulares. Cop29 não será diferente, por isso a Papua Nova Guiné não participará a nível político”, disse Tckatchenko.
“A comunidade internacional tem demonstrado uma total falta de respeito por países como o nosso, que desempenham um papel crucial na mitigação das alterações climáticas. Estamos cansados de ser marginalizados.”
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Papua Nova Guiné criticou as nações maiores por não fazerem o suficiente para apoiar as pequenas nações insulares afectadas pela crise climática. Fotografia: Godfreeman Kaptigau
“As promessas feitas pelos grandes poluidores não passam de conversa fiada. Eles impõem barreiras impossíveis para que tenhamos acesso aos fundos cruciais de que necessitamos para proteger o nosso povo”, disse ele.
Mas a decisão suscitou preocupação entre os defensores do ambiente na Papua Nova Guiné. O activista das alterações climáticas Vinzealher Anjo Nen disse que embora o boicote possa enviar uma mensagem forte, a Papua Nova Guiné “precisa de permanecer dentro destas conferências”.
Nen disse que Cop fornece uma plataforma global única onde os países – incluindo nações pequenas e em desenvolvimento – podem defender compromissos climáticos mais fortes e negociar recursos.
“Se não comparecermos, perderemos oportunidades importantes que poderiam nos financiar e trazer recursos e nos ajudar com suporte técnico”, disse ela.
“Quando boicotarmos, perderemos a oportunidade de apelar a uma ação climática imediata”, disse ela. Participação em eventos como Cop [gives the] oportunidade de lutar por um financiamento mais forte para a adaptação e para apoiar melhor a resiliência climática”, disse ela.
Gabi concordou que a nação do Pacífico não deveria se afastar da Cop29 e descreveu a decisão de retirar-se como “mal informada”. Ele disse que a reunião oferece oportunidades para as nações do Pacífico “negociarem ações climáticas, garantirem financiamento e defenderem o apoio necessário”.
“A nossa ausência nesta reunião enviará uma mensagem desanimadora à comunidade internacional”, disse ele.
O príncipe William descreveu o ano passado como “brutal” e “provavelmente o ano mais difícil da minha vida”, enquanto lidava com o câncer de sua esposa e pai.
Numa entrevista em vídeo para marcar o final da sua visita de uma semana à Cidade do Cabo, na África do Sul, para o Prêmios Earthshot cerimônia, William foi questionado sobre seu ano. “Honestamente, tem sido terrível”, disse ele. “Provavelmente foi o ano mais difícil da minha vida. Tentar superar todo o resto e manter tudo sob controle tem sido muito difícil.
“Mas estou muito orgulhoso da minha esposa, estou orgulhoso do meu pai, por lidar com as coisas que eles fizeram. Mas do ponto de vista pessoal e familiar, tem sido, sim, tem sido brutal.”
Catarina apareceu em um vídeo com a sua família em Setembro para confirmar o seu regresso às funções públicas após completar um curso de quimioterapia.
A mensagem da princesa sobre a sua jornada contra o cancro foi transmitida através de imagens que mostravam a família e os seus filhos a desfrutar do ar livre, e ela disse que o seu foco agora era “fazer o que posso para me manter livre do cancro”.
Na ampla discussão com a mídia britânica, William também disse que não gostou da responsabilidade adicional que agora advém de ser herdeiro do trono.
“Gosto de mais responsabilidade? Não”, disse ele. “Gosto da liberdade de poder construir algo como o Earthshot? Então sim.
“E esse é o futuro para mim. É muito importante para o meu papel e para a minha plataforma que eu esteja fazendo algo para o bem, que esteja ajudando a vida das pessoas e fazendo algo que seja genuinamente significativo.
“Então, o Earthshot é o culminar, se você quiser, de tudo isso junto.”
William encenou seu Prêmio Earthshot cerimônia em uma cúpula ecológica na noite de quarta-feira. Ele chamou os seus prémios ambientais de “movimento pela mudança” e apelou ao mundo para aderir.
Ele disse que a Earthshot realizou a devida diligência nos finalistas, permitindo que as empresas “entrem e roubem o que querem”, mas houve uma “relutância” de algumas empresas em se envolverem enquanto esperavam por “algo melhor ao virar da esquina”.