Para dar o pontapé inicial em nosso Semana dos Jogos do Brasilnosso objetivo é fornecer uma imagem o mais precisa possível do ecossistema brasileiro.
GamesIndustry.biz’James Batchelor viajou ao Brasil no início deste ano, e você pode ler sua visão geral do mercado, seus desafios e oportunidades, nesta página – diretamente dos profissionais que fazem parte dela.
Enquanto isso, aqui, daremos uma olhada nos números que compõem a indústria brasileira de games, seu mercado e seu público.
Os números e estatísticas apresentados abaixo são do segunda pesquisa nacional da indústria de jogos pela Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que considera dados de 2022 coletados anteriormente e novos números levantados em 2023 pela GA Consulting.
343 empresas contribuíram para a Pesquisa Game Brasil, representando cerca de 33% do total de estúdios no Brasil.
Em comparação com pesquisas anteriores, esta nova pesquisa mostrou um crescimento significativo em todos os setores da indústria brasileira.
A indústria brasileira de games
A indústria de jogos no Brasil é composta principalmente por micro e pequenos estúdios, totalizando 1.042 desenvolvedores. 2.600 jogos brasileiros lançados entre 2020 e 2022 (com 1.009 lançados somente em 2022, o que representa um aumento de 12% em relação ao ano anterior).
A evolução em relação a 2014 e ao primeiro levantamento da indústria brasileira de games é bem marcante, pois na época eram apenas 133 estúdios. Em 2018, esse número cresceu para 375, mostrando um aumento de 177% de então até 2023.
No ano passado, havia 13.225 profissionais trabalhando na indústria brasileira de games, um aumento de 6,3% em relação aos 12.441 de 2022.
A indústria no Brasil é dominada por homens, que representaram 74,2% da força de trabalho nos estúdios pesquisados. O número de mulheres diminuiu de 2022 para 2023, de 29,8% para 24,3%. O número de trabalhadores não binários permaneceu estável em 1,5%.
“Uma explicação para a redução no número de mulheres entre os dois anos é o efeito amostral, já que as empresas respondentes nas duas pesquisas são diferentes”, observou a pesquisa.
93% dos estúdios brasileiros pesquisados estão trabalhando em sua própria propriedade intelectual.
“Atualmente, os projetos dos nossos estúdios estão no mesmo nível dos do mesmo porte de qualquer outra parte do mundo”, comentou Rodrigo Terra, presidente da Abragames. “Ainda há uma diferença clara no investimento, mas não por uma questão de capacidade.
“De 2021 a 2022, por exemplo, observou-se que a participação de estúdios nacionais em projetos transmídia (15%) e no licenciamento de IPs próprios (13%) superou o envolvimento no licenciamento de produtos de terceiros (10%) – o que representou 18% em 2021.”
Considerando onde os estúdios estão estabelecidos no Brasil, um número impressionante está localizado em São Paulo (302), seguido pelo Rio de Janeiro (107) e Rio Grande do Sul (69).
70% dos estúdios brasileiros operam remotamente, seguidos por 16% que optam por um sistema híbrido e apenas 14% em um ambiente de escritório.
Por fim, analisando a tecnologia que os estúdios brasileiros usam, 80% dos entrevistados disseram usar o Unity para desenvolver seus jogos, seguido pelo Unreal Engine com 25% (indicando que alguns estúdios podem estar usando ambos).
O mercado brasileiro de games
A Pesquisa Game Brasil estimou que a receita da indústria de desenvolvimento de jogos no Brasil atingiu US$ 251,6 milhões em 2023.
Segundo a pesquisa, o mobile responde por 51,7% do mercado brasileiro, seguido pelo console com 20,5% e pelo PC com 19,4% – os consoles só ultrapassaram o PC recentemente, entre 2022 e 2023, período em que o mobile também cresceu 3,4%.
No entanto, olhando para jogos feitos no Brasil, isso contrasta com o que os jogadores realmente compram no país. Apenas 24% dos títulos desenvolvidos no Brasil são para dispositivos móveis, um pouco atrás dos jogos para PC, com 24,9%. Eles são seguidos por jogos para navegadores da web, com 23%, e consoles, com 11%.
As vendas digitais no Brasil aumentaram de 54% de todas as vendas de jogos em 2021 para 62% em 2023.
Considerando os tipos de jogos produzidos no Brasil, os títulos de entretenimento representaram a grande maioria, com 83%, seguidos pelos jogos educativos, com 8%, e os ‘advergames’, com 3%.
Muitos dos estúdios do Brasil, particularmente os maiores, oferecem serviços de trabalho por encomenda para outros desenvolvedores no exterior. O resto da América Latina e os Estados Unidos são os parceiros comerciais mais proeminentes do Brasil para jogos. Mas a Europa Ocidental está em ascensão, com 54% dos estúdios de jogos brasileiros agora fazendo negócios com essa região, contra 49% em 2023.
Cerca de metade dos estúdios que fazem negócios internacionalmente obtiveram mais de 70% de sua receita no exterior.
O público brasileiro
O Brasil é o maior mercado de jogos da América Latina e o quinto maior do mundo em termos de população online, com cerca de 103 milhões de jogadores.
A Pesquisa Game Brasil mostrou que cerca de 82,1% dos brasileiros dizem que jogar videogame é uma das suas principais formas de entretenimento.
As mulheres representam cerca de 46,2% dos jogadores no Brasil, contra 53,8% dos homens.
As faixas etárias são todas representadas de forma bastante igual quando se trata do público, com a maioria dos jogadores tendo entre 19 e 44 anos. A faixa etária dominante está entre 25 e 29, representando 16,2% dos jogadores, seguida de perto por 30 a 34 anos com 16,1%.
A pesquisa observou um ligeiro aumento na faixa etária acima de 50 anos, que cresceu 2% e representa 8,5% do público brasileiro.
Uma grande parcela dos jogadores no Brasil se identifica como branca (42,2%), seguida de perto por pardos (41,4%, um crescimento de 4,1% ano a ano) e negros com 12,7%.
Olhando para o futuro, Rodrigo Terra está otimista com o bom momento do Brasil, dizendo: “Estamos passando por um novo momento, pois há uma reorganização das empresas pós-pandemia e as expectativas do mercado ainda são relativas.
“No entanto, há perspectivas de melhora na economia brasileira, apoiadas por um ambiente político mais estável, contrastando com a instabilidade do mercado global. Acreditamos em um futuro com potenciais oportunidades e muitos desafios, onde o Brasil pode se destacar com um ecossistema que vem crescendo e se diversificando cada vez mais.”