Olimpíadas de Paris 2024: Em meio a uma tempestade de intenso escrutínio e abuso online sobre seu gênero, a boxeadora argelina Imane Khelif manteve a compostura para conquistar uma medalha nas Olimpíadas de Paris no sábado. Khelif garantiu uma vitória dominante de 5 a 0 sobre a húngara Anna Luca Hamori nas quartas de final femininas de 66 kg. Esta vitória garante a Khelif pelo menos uma medalha de bronze, marcando seu segundo triunfo no que tem sido uma jornada olímpica desafiadora.
Khelif enfrentou escrutínio internacional após sua luta contra a italiana Angela Carini, onde esta abandonou a luta após apenas 46 segundos. Isso foi seguido pela alegação da banida International Boxing Association (IBA) de que Khelif falhou em um teste de elegibilidade não especificado para competição feminina no ano passado.
A retirada de Carini provocou indignação internacional sobre uma divisão já proeminente sobre identidade de gênero e regulamentações nos esportes. Após sua vitória sobre Hamori, Khelif fez uma reverência diante dos fãs e não conseguiu conter suas emoções. Ela caiu em lágrimas assim que abraçou seu time.
foto.twitter.com/W7Hvckjy6V-Asmahane Bachir Bouaidjra(@AsmahanBachirb) 3 de agosto de 2024
O presidente do COI, Thomas Bach, havia defendido Khelif e o colega boxeador Lin Yu-ting, de Taiwan, após a controvérsia. Khelif e Lin foram desqualificados no meio do campeonato mundial do ano passado pela Associação Internacional de Boxe, o antigo órgão regulador do boxe olímpico, agora banido, após o que ela alegou terem sido testes de elegibilidade reprovados para a competição feminina.
Ambas competiram em eventos da IBA por vários anos sem problemas, e o órgão dominado pela Rússia — que enfrentou anos de conflitos com o COI sobre escândalos de arbitragem, decisões de liderança e questões financeiras — se recusou a fornecer qualquer informação sobre os testes, destacando sua falta de transparência em quase todos os aspectos de suas negociações, principalmente nos últimos anos.
A IBA, que recebeu a punição sem precedentes de ser banida da participação olímpica em 2019 após anos de conflito com o COI, desclassificou Khelif por supostos níveis mais altos de testosterona.
A vitória controversa de Khelif
Em 1º de agosto, Khelif competiu contra a italiana Angela Carini em uma partida de oitavas de final. A luta terminou abruptamente quando Carini, tendo sido atingida por Khelif com um soco substancial apenas 46 segundos após o início da luta, optou por se retirar. Carini, visivelmente angustiada e em lágrimas, citou o golpe como avassalador, dizendo que nunca havia sofrido um golpe tão forte em sua carreira. Sua saída dramática alimentou discussões sobre a participação de Khelif no evento de boxe feminino.
À medida que o debate continua, a próxima luta de Khelif contra Hamori será observada de perto em meio às discussões em andamento sobre elegibilidade de gênero no boxe.