“garça-do-sol! Garça do Sol!“Eu falo um pouco de espanhol, mas mesmo assim tive dificuldade para entender o que estava sendo dito. Ella – irmã de José, dono do Hotel Quelitales na Costa Rica – me acenou impacientemente pelo caminho, até chegarmos a um pequeno riacho coberto de árvores.
Então percebi por que ela estava tão entusiasmada: a “garça-do-sol” – em inglês, um sunbittern – estava posando imóvel como uma estátua, apenas alguns metros à minha frente.
Sunbitterns são únicos, em uma família própria. Seu parente mais próximo, o igualmente bizarro kagu, vive a cerca de 12 mil quilômetros de distância, no arquipélago da Nova Caledônia, no Pacífico.
Se um pássaro fosse projetado pela inteligência artificial, o resultado poderia parecer um pouco com um sunbittern. Tudo sobre sua forma, ações e plumagem causou estragos em meu cérebro: o corpo estranhamente alongado, a cabeça estranhamente achatada e os movimentos bruscos do pescoço enquanto ele avançava hesitantemente.
Tão animado que mal conseguia respirar, percebi que havia um segundo pássaro por perto. Quando a dupla se conheceu, eles se entreolharam com cautela, antes de descarregar uma forte saraivada de notas – se isso era uma saudação amigável ou um aviso hostil, eu não sabia dizer.
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Então, na hora certa, os dois pássaros abriram suas penas para revelar seu segredo oculto: forros de asas deslumbrantemente adornados com manchas vermelhas, amarelas e pretas brilhantes. Mesmo no riacho escuro e sombrio, o efeito era simplesmente hipnotizante.